A clonagem é um mecanismo comum de propagação da espécie em plantas ou
bactéria. Pode-se definir um clone como um grupo de células ou organismos,
originados de uma única célula e que são absolutamente idênticas à célula
original. [7] Nos seres humanos, os clones naturais são os
gêmeos idênticos que se originam da divisão de um único óvulo fertilizado. A
clonagem é a cópia ou a duplicação de células ou de embriões a partir de um ser
já adulto. As cópias possuem todas as características físicas e biológicas do
seu progenitor genético (SOUZA & ELIAS, 2005: 8; ZATZ, 2004: 247).
A clonagem da ovelha Dolly 1996, na cidade de Edimburgo, no interior da Escócia, pelo cientista Ian Wilmut, demonstrou, pela primeira vez, a possibilidade de clonar um mamífero – ou seja, a descoberta de que uma célula somática de mamífero, já diferenciada, poderia ser reprogramada ao estágio inicial e voltar a ser totipotente. Isto foi conseguido através da transferência do núcleo de uma célula somática da glândula mamária da ovelha que originou a Dolly para um óvulo enucleado (ZATZ, 2004: 249).
Este experimento fantástico, que revolucionou a biologia celular e
biologia do desenvolvimento, teria sido anteriormente proposto pelo
embriologista alemão Hans Spemann em 1938. Um ano depois da clonagem da ovelha
Dolly, experimentos independentes realizados por grupos liderados pelos
cientistas norte-americanos Thomson e Gearhart, obtiveram, pela primeira vez,
células embrionárias pluripotentes humanas (JOSÉ, 2005: 21-22).
Pioneiras. Polly (esq.) também foi uma ovelha clonada; Dolly (dir.), no entanto, foi a que se consagrou como avanço da ciência há 20 anos.
Pioneiras. Polly (esq.) também foi uma ovelha clonada; Dolly (dir.), no entanto, foi a que se consagrou como avanço da ciência há 20 anos.
O progresso da ciência obtido através da pesquisa da clonagem de mamíferos e da pesquisa das células tronco suscitou ponderações éticas, jurídicas, morais e religiosas, o que levou os governos a legislar sobre o tema e proibir a clonagem reprodutiva humana [8] em quase todos os países do mundo. Entretanto, os cientistas buscam desenvolver métodos capazes de permitir a clonagem terapêutica, de enorme alcance, frente a numerosas doenças para as quais a medicina contemporânea não dispõe de alternativas eficazes de tratamento.
O grupo liderado por Ian
Wilmut afirma que praticamente todos os animais que foram clonados nos últimos
anos a partir de células não embrionárias estão com problemas (RHIND, 2003).
Entre os diferentes defeitos observados nos pouquíssimos animais que nasceram
vivos após inúmeras tentativas, observam-se: placentas anormais, gigantismo em
ovelhas e gado, defeitos cardíacos em porcos, problemas pulmonares em vacas, ovelhas e
porcos, problemas imunológicos, falha na produção de leucócitos, defeitos
musculares em carneiros.
De acordo com Hochedlinger e Jaenisch (2003), os avanços
recentes em clonagem reprodutiva permitem quatro conclusões importantes: 1) a
maioria dos clones morre no início da gestação; 2) os animais clonados têm
defeitos e anormalidades semelhantes, independentemente da célula doadora ou da
espécie; 3) essas anormalidades provavelmente ocorrem por falhas na
reprogramação do genoma; 4) a eficiência da clonagem depende do estágio de
diferenciação da célula doadora (ZATZ, 2004: 250).
A comunidade científica internacional rapidamente percebeu que seria
possível combinar as duas tecnologias recém-descobertas (a clonagem e as
células-tronco humanas). Isso deu origem ao conceito de clonagem terapêutica,
tecnologia por meio da qual é possível reconstruir ou reparar tecidos
danificados por doenças ou por acidentes a partir de novas células com as
mesmas características que as do tecido afetado e a mesma identidade genética
do paciente (JOSÉ, 2005: 22).
Clonagem terapêutica
A clonagem terapêutica, muitas vezes confundida com terapia celular, é a transferência de núcleos de uma célula para um óvulo sem núcleo. Trata-se do aprimoramento das técnicas hoje existentes para culturas de tecidos, realizadas há décadas.
Na
clonagem terapêutica, o embrião clonado, gerado pela transferência nuclear (um
conglomerado de aproximadamente 100 células), é dissociado no laboratório para
a obtenção das células-tronco embrionárias, células pluripotentes, que dariam
origem a todos os tipos de células do embrião. Essas células podem ser
multiplicadas em cultura, mantendo essa capacidade de diferenciação quase ilimitada.
Ao transferir o núcleo de uma célula de uma pessoa para um óvulo sem
núcleo, esse novo óvulo ao dividir-se gera, em laboratório, células
potencialmente capazes de produzir qualquer tecido. Nos dias atuais, apenas é
possível cultivar em laboratório células com as mesmas características do
tecido de onde foram retiradas. As técnicas mais avançadas de clonagem
tornariam possível a geração de um órgão que serviria para substituir o órgão
equivalente cuja função tenha deteriorado. A clonagem terapêutica teria a
excepcional vantagem de evitar os fenômenos de rejeição, se o doador fosse
também o próprio receptor. Seria o caso, por exemplo, de reconstituir a medula
em alguém que se tornou paraplégico após um acidente ou substituir o tecido
cardíaco em uma pessoa que sofreu um infarto, conforme algumas experiências já
demonstraram (ZATZ, 2004: 251).
Nos portadores de doenças genéticas não seria possível usar as células
do próprio indivíduo (porque todas têm o mesmo defeito genético), mas de um
doador compatível. As células-tronco mais bem conhecidas são as células-tronco
do tecido hematopoiético. Os transplantes de medula óssea para o tratamento de
diversas doenças hematológicas constituem um transplante de células-tronco com
potencial gerador de células do tecido sanguíneo. Para cada 10 mil a 15 mil
células da medula óssea há uma célula-tronco. O transplante de medula óssea,
para o tratamento de pacientes portadores de leucemia é um método de terapia
celular já conhecido e de eficácia comprovada. A medula óssea do doador contém
células-tronco sangüíneas que vão fabricar as novas células sangüíneas sadias
(SOUZA & ELIAS, 2005: 8).
Construindo um "link" entre os acontecimentos passados para um acontecimento recente, temos como exemplo os primeiros primatas clonados com a técnica da ovelha Dolly.
As macaquinhas clonadas Zhong Zhong e Hua Hua
Construindo um "link" entre os acontecimentos passados para um acontecimento recente, temos como exemplo os primeiros primatas clonados com a técnica da ovelha Dolly.
As macaquinhas clonadas Zhong Zhong e Hua Hua
[7] De
acordo com Webber (1903), um clone é definido como uma população
de moléculas, células ou organismos que se originaram de uma única célula e que
são idênticas à célula original e entre elas.
[8] A clonagem reprodutiva humana é a técnica pela qual
se pretende fazer uma cópia de um indivíduo. Nessa técnica, transfere-se o núcleo
de uma célula, que pode ser uma célula de um adulto ou de um embrião, para um óvulo sem núcleo. Se o óvulo com esse novo
núcleo começasse a se dividir, fosse
transferido para um útero humano e se desenvolvesse, ter-se-ia uma cópia da
pessoa de quem foi retirado o núcleo da célula.
FONTE: Ilustração de Sirio J. B. Cançado para o suplemento especial clonagem da pesquisa fapesp nº 73, de março de 2002. Leonard Leite revisado por Giselda MK Cabello.
FONTE: Ilustração de Sirio J. B. Cançado para o suplemento especial clonagem da pesquisa fapesp nº 73, de março de 2002. Leonard Leite revisado por Giselda MK Cabello.
FONTE: Ilustração: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2018/01/1952959-nascem-os-primeiros-primatas-clonados-com-a-tecnica-da-ovelha-dolly.shtml







Nenhum comentário:
Postar um comentário