O processo de Individuação
No processo de individuação na história do pensamento humano existem documentos de natureza totalmente diversa, que são ilustrações positivas de nosso processo. Eu gostaria, sobretudo, de mencionar os Koans do Zen-budismo[1] que, justamente por seu caráter paradoxal, iluminam, como um repentino jorro de luz, as relações quase impenetráveis entre o eu e o Si-mesmo. São João da Cruz descreve o mesmo problema sob a figura da “noite escura da alma”[2] numa linguagem inteiramente diversa e bem mais acessível à mente ocidental.
Esta individuação significa precisamente
a melhor e mais completa realização de toda a pessoa e envolve a integração
progressiva do Selfbest (Si-mesmo).
Jung diz que o processo de individuação
pode ser confundido com a tomada de consciência do ego e que assim, o ego é
identificado com o Selfbest: “Se assim fosse, a individuação passaria a ser
simples egocentrismo e puro auto-erotismo”.[3]
Esse mal-entendido é geral, uma vez que
não se distingue corretamente individualismo de individuação.
Individualismo significa acentuar e dar
ênfase deliberada a supostas características, em oposição a
considerações e obrigações
coletivas. A individuação, no
entanto, significa precisamente a realização
melhor e mais completa das qualidades coletiva do ser humano; é a consideração adequada
e não o
esquecimento das características individuais, o fator determinante de um
melhor rendimento social.
A individuação, portanto, só pode
significar um processo de desenvolvimento psicológico que permite a realização
das qualidades individuais dadas; em outras palavras, é um processo mediante o
qual um homem se torna o ser único que de fato é. Com isto , não se torna “egoísta”, no sentido
usual da palavra, mas procura realizar a característica do seu ser e isto, como
dissemos, é totalmente diferente do egoísmo ou do individualismo.
Para a Drª. von Franz[4], “o processo da individuação” descreve o caminho pelo qual o consciente e o inconsciente do indivíduo aprendem a conhecer, respeitar e acomodar-se um ao outro.
Por
isso, a essência da filosofia de vida de Jung revela que: o homem só se torna
um ser integrado, fértil e feliz quando (e só então) o seu processo de individuação
está realizado, quando consciente e inconsciente aprenderem a conviver em paz e
completando-se um ao outro.[5]
[1] Cf. JUNG, Carl Gustav. A natureza da Psique. Petrópolis: Vozes, 1984, p.160-162.
[2] Cf. João da Cruz. In: Obras Completas. Petrópolis:
Vozes, 1998, p.494-495.
[3] Cf. JUNG, Carl Gustav. A natureza da Psique. Petrópolis: Vozes, 1984, p.160-162.
[4] Cf. JUNG, Carl Gustav. O
homem e seus símbolos. São Paulo: Nova Fronteira, 1989, p.14.
[5] Ib. p.14.
FONTE: Ilustração: https://www.google.com.br/search?q=Foto+A+individua%C3%A7%C3%A3o+n%C3%A3o+exclui+o+mundo,+pelo+contr%C3%A1rio,+o+engloba.&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=f-trmREvi_aPqM%253A%252CFheUGUX6MLH2RM%252C_&usg=__CFvCDmnT0oCMyeOdPuYQq0ft47U%3D&sa=X&ved=0ahUKEwjHtP7e-_HZAhWDIZAKHZi1AGwQ9QEIMjAB&biw=1366&bih=651#imgrc=f-trmREvi_aPqM:




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