Conhecimento Próprio
O início do caminho espiritual supõe o
conhecimento próprio para chegar ao conhecimento de Deus.
Para São João da Cruz[1],
o conhecimento próprio consiste no perfeito amor de Deus e desprezo de si
mesmo.
O conhecimento de Deus e o conhecimento
próprio é exercitado num e noutro. Ele, o conhecimento desfruta de um, sendo
elevado por Deus; ele prova do outro, sendo por ele humilhado, até adquirir
hábito perfeito destas duas espécies de conhecimentos.
Por isso, ponhamos os olhos em Cristo,
nosso bem, e com Ele, bem como com seus santos, aprenderemos a verdadeira
humildade. Isso nos enobrecerá o intelecto e evitará que o nosso conhecimento
próprio se torne rasteiro e covarde.
A noite ajuda-me a conhecer o primeiro
e principal proveito causado na alma, pois esta seca e escura noite de
contemplação é o conhecimento de si mesma e de sua miséria.
Portanto, depois do exercício do
conhecimento próprio, a consideração das criaturas é a primeira que se acha
neste caminho espiritual, como meio para ir conhecendo Deus criador de todas as
coisas visíveis e invisíveis.
Em Mysterium Coniunctionis[2],
Jung observava que o conhecimento de si próprio, no sentido mais completo do
termo, não é nenhum passatempo restritamente intelectual, mas sim uma viagem através dos
quatro continentes, na qual alguém se encontra exposto a todos os perigos por
terra, por mar, no ar e no fogo.
Santa Teresa vai dizer que é muito bom,
extremamente bom, entrar primeiro no aposento do conhecimento próprio antes de
voar aos outros, porque esse é o caminho.
Só podemos ir pelo seguro e plano, para
que haveremos de querer asas para voar? Devemos, pelo contrário, aprofundar-nos
mais no conhecimento de nós mesmas. E, que jamais chegamos a nos conhecer
totalmente se não procurarmos conhecer a Deus. Olhando a sua grandeza,
percebemos a nossa baixeza; observando a sua pureza, vemos a nossa sujeira;
considerando a sua humildade, constatamos como estamos longe de ser humildes.
[1] Cf. Mosteiro das Carmelitas Descalças do Jabaquara. Curso Noções de Vida Espiritual. São
Paulo, p.18.
[2] Cf. JUNG, Carl Gustav. Mysterium
Coniunctionis. Petrópolis: Vozes, p.206-207.
FONTE: Ilustração: https://www.google.com.br/search?tbm=isch&sa=1&ei=OmQEW-6EIrBwAT4nYb4Cw&q=conhecimento+pr%C3%B3prio&oq=conhecimento+pr%C3%B3prio&gs_l=img.12..0i24k1.83593.87096.0.89160.10.10.0.0.0.0.709.1978.0j1j5j6-1.7.0....0...1c.1.64.img..3.1.700....0.3-GvpRwczA8#imgrc=L8lWu1b1iJ6mGM:

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