terça-feira, 1 de maio de 2018

A FÉ VIVE DA ORAÇÃO


A oração

Não nos é possível definir o homem sem recorrer ao entendimento da oração. E, do mesmo modo, não podemos compreender a verdadeira natureza e a meta da oração sem compreender a vocação total do homem.
     Quem faz oração sabe que se encontra diante da sabedoria suprema, que o conhece. Não basta a fé no significado da vida ou numa pessoa humana, mas é necessária a fé em Deus, no Amor.
        Aquele que faz oração tem fé na presença real e ativa de Deus, que se revela e que nos convida desta forma a que lhe respondamos: “A presença verdadeira só é possível como resposta à revelação real de Deus. A fé vive da oração, realmente a fé viva em sua  essência não é outra coisa senão oração. No momento em que cremos realmente, expressamo-nos por meio da oração; e no ponto em que cessa a oração cessa também a fé viva”.[1]
        É o Espírito Santo que nos dá a sabedoria e o gosto pela oração correta. Torna-nos vigilantes na espera do Senhor e atentos aos sinais dos tempos, que são os sinais de presença de Deus. E assim torna-se possível, graças ao Espírito, a oração que é integração entre fé e vida.
       
A oração de Jesus, singular e única na história do mundo, cresceu no terreno da piedade do  AT. Na  sua  língua, ela  está ligada sobretudo  aos salmos. Estes, na  verdade, foram (segundo Agostinho)[2], escritos para Jesus, atingindo nele o seu cumprimento em novo espírito (aprofundamento da confiança, nova humanidade, amor universal).
        Todas as horas e etapas importantes de sua vida estão enquadradas, são portadas e internamente dominadas pela oração: a unção pelo Espírito Santo no Jordão (cf. Lc 3,22), os apuros passados por causa das angústias do povo (cf. Mc 1,35), a vocação dos apóstolos (cf. Lc 9,18), a transfiguração (cf. Lc 9,28), mas sobretudo a hora da decisão do Getsêmani (cf. Mc 14,32).
      Por diferentes que sejam estas orações, elas se unificam pelo interesse central da vinda de Jesus: a vinda do Reino de Deus.  O  pedido  por esta vinda é totalmente diverso de  aceitar fatos injustos que afrontam a dignidade, não é espera inerente de agir a ser realizado somente por Deus, Jesus, pelo contrário, lança-se para este Reino impacientemente com toda a sua existência:
“Eu vim trazer fogo à terra, e como desejo que já estivesse aceso!” (Lc 12,49).
        A eficácia da oração em tais momentos reside no duplo fato de que, graças a ela, tomamos consciência de nossa situação de indigência e de impotência em que nos vemos mergulhados e, graças a ela, em lugar de nos resignarmos diante da nossa  impotência  ou  nos rebelarmos inutilmente contra ela, expressamos nossa aceitação e pedimos a ajuda indispensável para superá-la.
        Jesus, que conheceu momentos de cansaço quase insuperáveis a ponto de dizer: “minha alma está triste a ponto de morrer” (Mc 14,34), perseverou na oração repetindo as mesmas palavras, expressão de perfeita confiança: “Pai, tudo a ti é possível, afasta de mim este cálice! Entretanto, não se faça o que eu quero, mas o que tu queres. Portanto, vigiai e orai para não cairdes em tentação. Porque o espírito está pronto mas a carne é fraca”. (Mc 14, 36 e 38).
        Para Jung, a verdade é que sempre se pode contar com a graça imerecida de Deus que atende as nossas orações. A verdadeira oração, dizem os monges[3], surge do mais profundo de nossa miséria, e não das nossas virtudes. Jean Lafrance[4], para quem a oração vinda do profundo é a oração que caracteriza a vida cristã, teve que por muito tempo viver a experiência do fracasso para chegar a verdadeira oração.
        A oração de Jesus diz: Ele tomará do meu e vo-lo anunciará, diz Jesus do Paráclito (cf. Jo 16,4);  tomará  a  minha  oração  e  vo-la  dará.   A oração de  intercessão  não  depende  de “multiplicar as orações” (Mt 6,7), mas do grau de união que se consegue com as disposições filiais de Cristo. A oração faz o nosso espírito penetrar na plena luz da  divindade  e  expõe  nossa vontade abertamente aos ardores do amor divino. Portanto, define-se a oração como a elevação da mente e do coração a Deus.




[1] FIORES, Stefano de e Goffi Tullo. Oração de Jesus. In: Dicionário de Espiritualidade.  São Paulo: Paulus, 1993, p.842.
[2] Cf. EICHER, Peter. Oração de Jesus. In: Dicionário de Conceitos Fundamentais de Teologia.  São Paulo: Paulus , 1993, p.595.
[3] Cf. GRÜN, Anselm e Dufner Meinrad. Espiritualidade a partir de Si Mesmo. Petrópolis: Vozes, 2004, p.9.
[4] Cf. Ib. p.9.


FONTE: Ilustração: https://www.google.com.br/search?q=Imagem+sobre+A+ora%C3%A7%C3%A3o.&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=qGrE0Y0nudNZTM%253A%252CdHlOcOuqgsNSYM%252C_&usg=__B3mJbHYe3fEF_DT9hci7jMBNnig%3D&sa=X&ved=0ahUKEwiM2dX63uXaAhUKHJAKHYTJC7sQ9QEIKzAB#imgdii=iSxQ0faTr_GBnM:&imgrc=8zZC-ZyU1eH5uM:

FONTE: Ilustração: https://www.google.com.br/search?q=Imagem+sobre+A+ora%C3%A7%C3%A3o+de+Jesus.&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=BmrqVdTAU6RqWM%253A%252CT8t6c9LG41QFKM%252C_&usg=__V92MSVcdCYLJ-5ZBFmhrGKExnI8%3D&sa=X&ved=0ahUKEwiSy-ue4-XaAhVDlZAKHby6BJAQ9QEILzAD#imgdii=WxmAyTtekVBw3M:&imgrc=iHdqu69ANGt45M:

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