A oração
Não nos é possível definir o homem sem
recorrer ao entendimento da oração. E, do mesmo modo, não podemos compreender a
verdadeira natureza e a meta da oração sem compreender a vocação total do
homem.
Quem faz oração sabe que se encontra
diante da sabedoria suprema, que o conhece. Não basta a fé no significado da
vida ou numa pessoa humana, mas é necessária a fé em Deus, no Amor.
Aquele que faz oração tem fé na
presença real e ativa de Deus, que se revela e que nos convida desta forma a
que lhe respondamos: “A presença verdadeira só é possível como resposta à
revelação real de Deus. A fé vive da oração, realmente a fé viva em
sua essência não é outra coisa senão
oração. No momento em que cremos realmente, expressamo-nos por meio da oração;
e no ponto em que cessa a oração cessa também a fé viva”.[1]
É o Espírito Santo que nos dá a
sabedoria e o gosto pela oração correta. Torna-nos vigilantes na espera do
Senhor e atentos aos sinais dos tempos, que são os sinais de presença de Deus.
E assim torna-se possível, graças ao Espírito, a oração que é integração entre
fé e vida.
A oração de Jesus, singular e única na história do mundo, cresceu no terreno da piedade do AT. Na sua língua, ela está ligada sobretudo aos salmos. Estes, na verdade, foram (segundo Agostinho)[2], escritos para Jesus, atingindo nele o seu cumprimento em novo espírito (aprofundamento da confiança, nova humanidade, amor universal).
Todas as horas e etapas importantes de
sua vida estão enquadradas, são portadas e internamente dominadas pela oração:
a unção pelo Espírito Santo no Jordão (cf. Lc 3,22), os apuros passados por
causa das angústias do povo (cf. Mc 1,35), a vocação dos apóstolos (cf. Lc
9,18), a transfiguração (cf. Lc 9,28), mas sobretudo a hora da decisão do
Getsêmani (cf. Mc 14,32).
Por diferentes que sejam estas orações,
elas se unificam pelo interesse central da vinda de Jesus: a vinda do Reino de
Deus. O
pedido por esta vinda é
totalmente diverso de aceitar fatos injustos que afrontam
a dignidade, não é espera inerente de agir a ser realizado somente por Deus,
Jesus, pelo contrário, lança-se para este Reino impacientemente com toda a sua
existência:
“Eu vim trazer fogo à terra, e como desejo que já estivesse aceso!” (Lc 12,49).
“Eu vim trazer fogo à terra, e como desejo que já estivesse aceso!” (Lc 12,49).
A eficácia da oração em tais momentos
reside no duplo fato de que, graças a ela, tomamos consciência de nossa
situação de indigência e de impotência em que nos vemos mergulhados e, graças a
ela, em lugar de nos resignarmos diante da nossa impotência
ou nos rebelarmos inutilmente
contra ela, expressamos nossa aceitação e pedimos a ajuda indispensável para
superá-la.
Jesus, que conheceu momentos de cansaço
quase insuperáveis a ponto de dizer: “minha alma está triste a ponto de morrer”
(Mc 14,34), perseverou na oração repetindo as mesmas palavras, expressão de
perfeita confiança: “Pai, tudo a ti é possível, afasta de mim este cálice!
Entretanto, não se faça o que eu quero, mas o que tu queres. Portanto, vigiai e
orai para não cairdes em tentação. Porque o espírito está pronto mas a carne é
fraca”. (Mc 14, 36 e 38).
Para Jung, a verdade é que sempre se
pode contar com a graça imerecida de Deus que atende as nossas orações. A
verdadeira oração, dizem os monges[3],
surge do mais profundo de nossa miséria, e não das nossas virtudes. Jean
Lafrance[4],
para quem a oração vinda do profundo é a oração que caracteriza a vida cristã,
teve que por muito tempo viver a experiência do fracasso para chegar a
verdadeira oração.
A oração de Jesus diz: Ele tomará do
meu e vo-lo anunciará, diz Jesus do Paráclito (cf. Jo 16,4); tomará a
minha oração e vo-la
dará. A
oração de intercessão não depende de “multiplicar as orações” (Mt
6,7), mas do grau de união que se consegue com as disposições filiais de
Cristo. A oração faz o nosso espírito
penetrar na plena luz da divindade e
expõe a nossa vontade abertamente
aos ardores do amor divino. Portanto, define-se a oração como a elevação da
mente e do coração a Deus.
[1] FIORES, Stefano de e Goffi Tullo. Oração de Jesus.
In: Dicionário de Espiritualidade. São Paulo: Paulus, 1993, p.842.
[2] Cf. EICHER, Peter. Oração de Jesus. In: Dicionário de
Conceitos Fundamentais de Teologia. São Paulo: Paulus , 1993, p.595.
[3] Cf. GRÜN, Anselm e Dufner
Meinrad. Espiritualidade a partir de Si
Mesmo. Petrópolis: Vozes, 2004, p.9.
[4] Cf. Ib. p.9.
FONTE: Ilustração: https://www.google.com.br/search?q=Imagem+sobre+A+ora%C3%A7%C3%A3o.&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=qGrE0Y0nudNZTM%253A%252CdHlOcOuqgsNSYM%252C_&usg=__B3mJbHYe3fEF_DT9hci7jMBNnig%3D&sa=X&ved=0ahUKEwiM2dX63uXaAhUKHJAKHYTJC7sQ9QEIKzAB#imgdii=iSxQ0faTr_GBnM:&imgrc=8zZC-ZyU1eH5uM:
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FONTE: Ilustração: https://www.google.com.br/search?q=Imagem+sobre+A+ora%C3%A7%C3%A3o+de+Jesus.&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=BmrqVdTAU6RqWM%253A%252CT8t6c9LG41QFKM%252C_&usg=__V92MSVcdCYLJ-5ZBFmhrGKExnI8%3D&sa=X&ved=0ahUKEwiSy-ue4-XaAhVDlZAKHby6BJAQ9QEILzAD#imgdii=WxmAyTtekVBw3M:&imgrc=iHdqu69ANGt45M:



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