sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

HUMILDADE

A palavra latina humilitas está relacionada com humus, com terra. A humildade, portanto, é o reconciliar-nos com nossa condição terrena, é a coragem de aceitar a verdade sobre si mesmo, a humildade designa nossa relação com Deus e é uma virtude religiosa.  
  Para Basílio, a humildade consiste no lema “conhece-te a ti mesmo”. Gregório de Nissa acha que o homem só pode imitar a Deus em sua humildade. 
   A humildade para Agostinho é reconhecer a própria dimensão e se conhecer a si próprio com honestidade. Na humildade o homem reconhece a dimensão que lhe foi dada, reconhece que é homem e não Deus: “Deus tornou-se homem. Tu, homem, reconhece que és homem! Toda tua humildade consiste em que te conheças a ti mesmo”.
      São Bento descreve o caminho para chegar mais perto de Deus, para ele, a humildade não é uma virtude que possamos alcançar, mas uma experiência que nos faz crescer, é a condição para uma autêntica experiência de Deus. É a experiência de si na experiência de Deus. 
      Segundo São Bento, a humildade é a imitação de Cristo, que se esvaziou a si mesmo e se tornou igual a nós homens (Fl 2,6ss). Na humildade, nós crescemos na atitude de Cristo, que não ficou preso à sua divindade, mas humilhou-se a si mesmo e fez-se obediente até à morte.
    Para Jung, a humildade constitui, assim, um requisito essencial para a comunidade humana. A alguém que procura de qualquer maneira falar com ele, Jung escreve: “Se a senhora está sozinha, é porque se isolou; e se for bastante humilde, nunca ficará só. Nada nos isola mais do que o poder e o prestígio. Tente descer, seja humilde e jamais estará sozinha”.
     Para ele, a humildade é também a condição para podermos desenvolver a confiança nos outros, enquanto que o orgulho nos isola e nos exclui da comunidade humana. Só poderemos experimentar a comunhão com outras pessoas se estivermos dispostos a nos aceitarmos com nossos erros e nossas fraquezas. Enquanto tivermos que esconder nossas fraquezas, nós só seremos capazes de entrar em contacto com os outros de uma maneira superficial.
     “Todos vós, em vosso mútuo tratamento, revesti-vos de humildade; porque Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes” (Pr. 3,34).
    “Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele vos exalte no tempo oportuno” (1Pd 5,5b-6). 
      Assim a SS. Virgem confessou que Deus tinha operado nela grandes coisas e fez isso, ao mesmo tempo, para se humilhar e para dar glória a Deus. Minha alma, diz ela, glorifica o Senhor, porque têm operado em mim grandes coisas. 
     Diz-se que um certo passarinho, por nome tataranho, tem uma virtude secreta, no seu grito e nos seus olhos, de afugentar as aves de rapina e crê-se ser esta a razão da simpatia que as pombas lhe dedicam. Assim nós também podemos dizer que a humildade é o terror de Satanás, o rei do orgulho, que ela conserva em nós a presença do Espírito Santo e de seus  dons e que por isso foi tão apreciada dos santos e santas e tão querida dos Corações de Jesus e de sua Mãe.

   A humildade tem duplo fundamento: a verdade e a justiça: a verdade, que faz nos conhecermos a nós mesmos tais quais somos; a justiça, que nos inclina a tratar-nos em conformidade com esse conhecimento.  

DESEJO A TODOS (AS) UM...



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