A palavra latina humilitas está
relacionada com humus, com terra. A humildade, portanto, é o reconciliar-nos
com nossa condição terrena, é a coragem de aceitar a verdade sobre si mesmo, a
humildade designa nossa relação com Deus e é uma virtude religiosa.
Para Basílio, a humildade consiste no
lema “conhece-te a ti mesmo”. Gregório de Nissa acha que o homem só pode imitar
a Deus em sua humildade.
A humildade para Agostinho é reconhecer a
própria dimensão e se conhecer a si próprio com honestidade. Na humildade o
homem reconhece a dimensão que lhe foi dada, reconhece que é homem e não Deus:
“Deus tornou-se homem. Tu, homem,
reconhece que és homem! Toda tua humildade consiste em que te conheças a ti
mesmo”.
São Bento descreve o caminho para chegar
mais perto de Deus, para ele, a humildade não é uma virtude que possamos
alcançar, mas uma experiência que nos faz crescer, é a condição para uma
autêntica experiência de Deus. É a experiência de si na experiência de
Deus.
Segundo São Bento, a humildade é a
imitação de Cristo, que se esvaziou a si mesmo e se tornou igual a nós homens
(Fl 2,6ss). Na humildade, nós crescemos na atitude de Cristo, que não ficou
preso à sua divindade, mas humilhou-se a si mesmo e fez-se obediente até à
morte.
Para Jung, a humildade constitui, assim,
um requisito essencial para a comunidade humana. A alguém que procura de
qualquer maneira falar com ele, Jung escreve: “Se a senhora está sozinha, é
porque se isolou; e se for bastante humilde, nunca ficará só. Nada nos isola
mais do que o poder e o prestígio. Tente descer, seja humilde e jamais estará
sozinha”.
Para
ele, a humildade é também a condição para podermos desenvolver a confiança nos
outros, enquanto que o orgulho nos isola e nos exclui da comunidade humana. Só
poderemos experimentar a comunhão com outras pessoas se estivermos dispostos a
nos aceitarmos com nossos erros e nossas fraquezas. Enquanto tivermos que
esconder nossas fraquezas, nós só seremos capazes de entrar em contacto com os outros
de uma maneira superficial.
“Todos vós, em vosso mútuo tratamento,
revesti-vos de humildade; porque Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça
aos humildes” (Pr. 3,34).
“Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa
mão de Deus, para que ele vos exalte no tempo oportuno” (1Pd 5,5b-6).
Assim a SS. Virgem confessou que Deus
tinha operado nela grandes coisas e fez isso, ao mesmo tempo, para se humilhar
e para dar glória a Deus. Minha alma, diz ela, glorifica o Senhor, porque têm
operado em mim grandes coisas.
Diz-se que um certo passarinho, por nome
tataranho, tem uma virtude secreta, no seu grito e nos seus olhos, de afugentar
as aves de rapina e crê-se ser esta a razão da simpatia que as pombas lhe
dedicam. Assim nós também podemos dizer que a humildade é o terror de Satanás,
o rei do orgulho, que ela conserva em nós a presença do Espírito Santo e de seus dons e que por isso foi tão apreciada dos
santos e santas e tão querida dos Corações de Jesus e de sua Mãe.
A humildade tem duplo fundamento: a
verdade e a justiça: a verdade, que faz nos conhecermos a nós mesmos tais quais
somos; a justiça, que nos inclina a tratar-nos em conformidade com esse
conhecimento.
DESEJO A TODOS (AS) UM...


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