segunda-feira, 9 de outubro de 2017

São João da Cruz, místico e doutor da Igreja

Santa Tereza de Ávila o definiu como uma das almas mais puras da Igreja: Maravilhe-se com sua sabedoria!  



                                       A noite escura inflamada de amor divino.
         A inflamação deste fogo de amor está agora no espírito, onde, no meio de obscuras angústias, a alma se sente ferida, viva e agudamente, com certo sentimento e suposição de que Deus ali está, embora não compreenda coisa determinada, pois o entendimento está às escuras.
       O espírito se sente, então, apaixonado, pois esta inflamação espiritual produz paixão de amor. Como este amor é infuso, então é mais passivo que ativo, gerando na alma uma forte paixão de amor.
     Ele também vai encerrando a união com Deus, e, por consequência, participando de suas propriedades que são mais ações de Deus do que da alma, e se adaptam a  ela  passivamente, quanto à mesma alma, o que faz é apenas dar seu consentimento.
        Eis porque Davi, a fim de poder receber a fortaleza do amor desta divina união, dizia a Deus: “Depositarei em ti minha fortaleza” (Sl 58,10).
      Pelo que podemos considerar como é intensa e forte esta inflamação de amor no espírito, onde Deus concentra todas as energias, potências e apetites da alma, tanto espirituais como sensitivos, a fim de que, em perfeita harmonia, todos  eles  se  apliquem,  com  todas  as  suas forças e virtudes, a este amor, vindo a cumprir-se, em verdade, o primeiro mandamento, sem nada desdenhar ou excluir no homem, deste amor, diz: “Amarás a teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua mente, de toda a tua alma e com toda a tua força”(Dt 6,5).
       Este é o motivo pelo qual a alma diz no verso da canção: “De amor em vivas ânsias inflamadas”. Pois, em todas as coisas e pensamentos que tem dentro de si, e em todos os negócios e acontecimentos que lhe apresentam, ama de muitas maneiras, ansiando e padecendo, igualmente, em desejo, por todo tempo e lugar, sem tréguas, pois continuamente experimenta esta pena, na sua ferida inflamada. O profeta Jó bem dá a entender o que se passa na alma, quando assim se exprime: “Assim como o escravo deseja a sombra e o mercenário o fim do trabalho, assim também eu tive os meses vazios e contei noites trabalhosas. Se durmo, digo: quando me levantarei eu? E de novo esperarei a tarde, e fartar-me-ei de dores até a noite” (Jó 7, 2-4).
     O motivo é que a força e eficácia, então presentes na alma, eram produzidas e comunicadas passivamente pelo fogo tenebroso de amor que à investia; cessando ele de inflamá-la, cessam igualmente a treva, bem assim a força e calor desse amor.


FONTE:Ilustração: https://www.google.com.br/searchtbm=isch&sa=1&q=imagem+do+São+João+da+Cruz+noite+escura&oq

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